Há dois anos o lavrador Antônio de Sousa Bezerra, de 56 anos, tenta obter o seu benefício no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O trabalhador fez uma cirurgia no coração em Abril de 2021 e, apesar de ter passado pela perícia do órgão outras vezes, ainda não conseguiu receber o que lhe é de direito. A situação do seu Antônio, que veio do município de Beneditinos para refazer a perícia, é similar a de muitas pessoas. Atualmente, segundo dados do Ministério da Previdência Social, há 1.320 piauienses aguardando na fila de espera para receber o benefício.
Mesmo com laudos médicos comprovando a impossibilidade de voltar ao trabalho, Antônio Bezerra conta que teve o pedido negado nos últimos dois anos. “Apareceu essa doença e até hoje estou batalhando para receber o benefício. Quando eu passo pela perícia, a pessoa fala que tenho condições de trabalhar. Trago meus laudos que dizem que não posso fazer esforço. Mas só Deus sabe o dia que iria adquirir o meu benefício”, conta o lavrador.
Morando com sua esposa, seu Antônio explica que eles não possuem outra fonte de renda além do Bolsa Família e que o valor é usado, principalmente, para adquirir os remédios que ele necessita e que custam, em média, R$ 270. “A minha esposa vive batalhando por mim, ela é lavradora também. Tenho dois filhos que aqui e acolá me ajudam, pois não posso trabalhar. Minha esposa tem bolsa família e assim a gente compra os remédios, que não duram o mês todo. Às vezes a renda não dá nem pra comprar esses remédios”, comenta.
O Piauí é um dos estados com maiores índices de pessoas com pedidos na fila de espera. Entre os beneficiários que necessitam de análise pericial para serem liberados estão as solicitações do Benefício de Prestação Continuada (BPC), os auxílios por incapacidades e pensão por morte.
Trabalhando na área rural há mais de 12 anos, Antônia Breve, de 49 anos, entrou pela primeira vez na fila da perícia em Teresina. Ela veio do município de Piracuruca para tentar obter o benefício devido a problemas de artrose e bursite crônica. “Adquiri várias doenças nos ossos. O médico disse que não tenho mais condição de trabalhar. Essa é a primeira vez que venho para ver se consigo e espero sair daqui com a situação resolvida, porque é difícil ficar a gente viver dentro de casa sem poder fazer nada e sem ter de onde tirar para dar de comer aos filhos”, afirma.
Fonte: Portal O Dia